Filme de terror nacional com vampiros é destaque na Mostra de Cinema de Tiradentes
TIRADENTES (MG) Gênero pouco explorado em produções nacionais e raramente lembrado, na atualidade, no cinema estrangeiro, o horror com vampiros é resgatado no filme nacional Terra e luz. O longa, gravado no cerrado do município de Goiás (GO), foi exibido ontem, na Mostra de Cinema de Tiradentes.
Antes da exibição do filme, o diretor, Renné França, professor do curso de cinema e audiovisual do Instituto Federal de Goiás falou sobre as dificuldades de se produzir um filme de terror sem qualquer tipo de financiamento, em um pequeno município do interior de Goiás. O cineasta credita a realização do filme ao engajamento dos atores e demais profissionais envolvidos, a maioria de dentro da própria instituição de ensino.
Vestindo uma camisa com os dizeres "Fora Temer", o diretor fez paralelos entre o filme e o momento político brasileiro. "Não se deixe vampirizar", disse Renné França, ressaltando, ainda, a necessidade de resistência e não conformismo.
Simples, a trama explora, sobretudo, a questão da sobrevivência de uns poucos humanos em um cenário de total desolação, inóspito e escasso de alimentos. É essencialmente um filme de fuga, com personagens caminhando e temendo o anoitecer, quando os vampiros surgem. Chama atenção a bonita fotografia de Carlos Cipriani, que nas cenas diurnas explora muito a paisagem das locações.
Confira o teaser:
De poucos diálogos, o filme parece levar para os personagens a mesma aridez vista nos cenários. As falas são econômicas e, quando ditas, mesmo em momentos de tensão, trazem certo alívio; percebe-se que ainda existe humanidade naquelas figuras tão marcadas. O silêncio predominante é desconfortante e, aliás, na sequência inicial do longa, nenhuma frase é pronunciada e é assim por mais de 20 minutos de projeção.
É realmente curioso ver a temática vampiresca levada para um cenário tipicamente brasileiro, muito distante das narrativas clássicas estabelecidas sobretudo a partir das primeiras adaptações cinematográficas do gênero, como Nosferatu e Drácula. É uma peça que vale ser vista pelos fãs do gênero e merece ser vista fora do circuito alternativo.
*O repórter viajou a convite da organização do evento
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